Hung-jen



Hung-jen (601-674)
Daman Hongren (Ta-men Hung-jen, Daimen Konin, Dajian Gunin)
O Trigésimo-Segundo Patriarca
Quinto Patriarca chinês


Referências
Discípulos
Por Gary L. Ray
Transmissão de Tao-hsin
Transmissão para Hui-neng
Linhagem


Referências2
Daman Hongren (Ta-men Hung-jen, Daimen Konin, Dajian Gunin), 601-674.
Quinto Patriarca chinês. Ele ensinou em Pingmao shan, também conhecido como Dongshan (Montanha Oriental) e assim sua corrente de Linhagem foi conhecida como a corrente da Montanha Oriental de Chan enquanto a transmissão paralela de Daoxin para Farong foi chamada de Niutou ou corrente da Cabeça do Touro. Depois, a montanha foi renomeada Wuzu shan (Montanha do Quinto Patriarca). Ver Denkoroku, Capítulo 34.


Discípulos
Entre os discípulos de Hung-jen estão:

  1. Hui-neng – Enò (638 – 713)
  2. Shen-hsiu – Jinshu (605 – 706)
  3. Chih-shen – Chisen (609 – 702)
  4. Pin-Yin – Faru (638 – 689)

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Por Gary L. Ray

Hung-jen, o quinto patriarca chinês do Ch’an, tem uma história semelhante aos primeiros quatro patriarcas de Ch’an. Ele saiu de casa cedo para se tornar um monge, passou longos períodos de tempo em zazen, livrou-se dos sutras, atingiu a iluminação, e morreu em idade avançada depois de transmitir seus ensinos para um único sucessor.

Hung-jen marca o início de um novo período do Ch’an, caracterizado por relações fortes entre mestre e discípulo e pela expansão da prática espiritual além da meditação indiana (dhyana). A prática espiritual de Hung-jen era baseada no “despertar gradual” ensinamento de seu predecessor, Tao-hsin. No texto Tsui-shang-ch’en lun, um trabalho que se acredita ter sido escrito por Hung-jen, ele dá instrução a seus estudantes:

Olhe para onde o horizonte desaparece além do céu e veja a figura una. Esta é uma grande ajuda. Serve para aqueles novatos que se sentam em meditação, quando sua mente estiver distraída, enfocar sua mente na figura una.

Neste período de expansão da prática Ch’an, Hung-jen teve um total de onze discípulos que ele confirmou como tendo dominando os ensinamentos. Até mais incrível que isto, três destes estudantes, Shen-hsiu, Hui-neng e Chih-hsien começaram suas próprias escolas baseadas em variações dos ensinos de Hung-jen.

Porém, a tradição de escolher um herdeiro do dharma continuou, e o herdeiro de Hung-jen foi um brilhante estudante chamado Fa-ju. Por alguma razão, porém, Fa-ju nunca foi incluído na lista de patriarcas, e naquele momento, ainda não havia sido estabelecida uma teoria formal de uma linhagem patriarcal. Apesar da sucessão de Fa-ju, o herdeiro oficial de Hung-jen, de acordo com o estudioso confuciano Ch’ang Yueh (667-730), é Shen-hsiu.

Ver O Desenvolvimento e o declínio da Escola Ch’an do Norte


Transmissão de Tao-hsin1
32. De Tao-hsin para
Hung-jen

Um velho peregrino foi até o mestre Tao-hsin para pedir a transmissão, e o mestre respondeu:

Você é tão venerável em idade que, se eu te transmitisse o Dharma agora, você não poderia ensiná-lo por muito tempo. Por favor, volte mais tarde, vou esperá-lo.

O velho peregrino partiu e encontrou uma jovem, muito religiosa, que estava lavando roupa em um rio. O peregrino perguntou a ela sobre alojamento, e a jovem foi consultar seus pais. Ao retornar, ela encontrou o peregrino morto e, meses depois, descobriu que estava milagrosamente grávida.

Ninguém acreditou no que tinha acontecido. Quando seu filho nasceu, ela tentou abandoná-lo no rio, mas uma semana depois, ele ainda continuava lá, saudável e radiante. Passaram a viver como mendigos, sem lar e sem família; o menino passou a ser conhecido como sem nome.

Quando tinha 7 anos de idade, ele foi encontrado pelo mestre Tao-hsin.

Tao-hsin: Qual é o seu nome?
Sem nome: Eu sou essência, não nome.
Tao-hsin:
Essa essência que você é, possui nome?
Sem nome: Despertar.
Tao-hsin: Despertar é o seu nome?
Sem nome: Eu sou sem nome.

Depois desta transmissão, o menino sem nome passou a ser chamado de Hung-jen.



Transmissão para Hui-neng1

33. De Hung-jen para
Hui-neng

Desde pequeno, Hui-neng trabalhava como lenhador, para sustentar a si mesmo e à sua mãe doente. Certa vez, quando estava vendendo lenha na cidade, ouviu um homem recitando um livro em voz alta.
Hui-neng ficou muito impressionado com aquelas palavras e foi perguntar àquele homem:

Hui-neng: Que livro é esse?
Homem: É um sutra.
Hui-neng: Que sutra?
Homem: O Sutra do Diamante.
Hui-neng: Onde o conseguiu, e por que você está o recitando?
Homem: Consegui este texto no monastério Tung-ch’an, no distrito Huang-mei de Ch’i-chou. O abade deste monastério é Hung-jen, o quinto mestre, que tem cerca de mil discípulos. Quando fui prestar reverência ao ele, falou-me deste sutra. O mestre costuma encorajar tanto os leigos quantos os monges a lerem este sutra, para que realizem a natureza da mente e alcancem diretamente a iluminação.
Hui-neng: Gostaria de conhecer este mestre.
Homem: Quer mesmo ir ao monastério Tung-ch’an? Fica bem longe…
Hui-neng: Por mais longe que seja, gostaria de ir.
Homem: Então, vá até ele!
Hui-neng: Infelizmente não posso, preciso cuidar de minha velha mãe.
Homem: Isso não é problema, pegue estas dez moedas e leve para ela. É o suficiente para o sustento dela.

Muito comovido, Hui-neng levou as moedas à sua mãe, despediu-se e foi para a província de Huang-mei, no norte, onde chegou depois de um mês de caminhada. Ao encontrar o mestre Hung-jen, ele lhe disse:

Hui-neng: Sou um lenhador da província Hsin-chou de Kuang-tung. Viajei desde longe para prestar reverência ao senhor e para pedir apenas a iluminação.
Hung-jen: Você é nativo de Kuang-tung, um bárbaro? Como espera se tornar um buddha?
Hui-neng: Apesar de existirem homens do norte e homens do sul, norte e sul não fazem diferença na natureza búddhica. Um bárbaro é fisicamente diferente do senhor, mas não em natureza búddhica.

Hui-neng foi admitido no monastério como cozinheiro. Oito meses depois, o mestre pediu aos monges para que escrevessem um gatha, um breve poema sobre o despertar. O único a escrever o poema foi Sheng-hsiu, o mais estudioso dos monges. Muito preocupado, ele hesitou por quatro dias, mas finalmente escreveu o seu poema, em uma das paredes do monastério:

O corpo é a árvore da iluminação,
A mente é um espelho brilhante
Que devemos limpar continuamente
Para que a poeira não grude.

O mestre Hung-jen descobriu a autoria do poema e pediu a Sheng-hsiu para que escrevesse outro. Hui-neng, que estava trabalhando na cozinha, ouviu um jovem noviço recitar aqueles versos e perguntou do que se tratava. Então, Hui-neng decidiu compor um poema também; como não sabia ler ou escrever, pediu ao noviço para que o anotasse na parede:

O corpo não é uma árvore,
A mente não é um espelho;
Já que tudo é vazio,
Como a poeira pode grudar?

Depois de ler o poema, o mestre Hung-jen apagou-o com a sandália e, durante a noite, foi à cozinha, onde estava
Hui-neng.

Hung-jen: O arroz já está branco?
Hui-neng: Sim, perfeitamente branco! Mas as cascas ainda não foram peneiradas.

Com sua bengala, o mestre deu três batidas em um pilão de pedra, o que significava que Hui-neng deveria ir aos seus aposentos depois de três horas. Hui-neng respondeu, sacudindo três vezes a sua peneira.

Então, três horas depois, o mestre recitou o Sutra do Diamante para Hui-neng. Ao ouvir o trecho
… deve-se usar a mente de tal modo que ela esteja livre de todo apego…

Hui-neng subitamente despertou. O mestre Hung-jen deu a ele o pote e o manto, símbolos da transmissão, e pediu para que se retirasse do monastério, temendo a inveja dos outros monges. Hui-neng partiu para as montanhas do sul da China, onde viveu por 15 anos como caçador e só então se tornou monge, atraindo muitos discípulos.


    Fontes:

  1. www.dharmanet.com.br
  2. “Ensinos do Mestre Zen Anzan Roshi”(texto compilado pelo Ven. Jinmyo Fleming ino e traduzido ao Português por Claudio Miklos.

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