Vasumitra

Vasumitra
Transmissão de Michaka/Transmissão para Buddhanandi

O Sétimo Patriarca


Transmissão de Michaka
2

7. De Michaka para
Vasumitra

Vasumitra era chamado de louco, pois ficava vagando dia e noite com um pote de vinho sobre a cabeça. Certa vez, ele encontrou o mestre Michaka e perguntou:

Vasumitra: Você
sabe o que é isto?
Michaka: É um pote, ainda impuro.
Vasumitra
[colocando o pote diante do mestre]:
Ele é meu ou seu?
Michaka:
Se você achar que este pote é meu, então você está livre da existência
relativa; e se você achar que o pote é seu, então você é buddha, além das
noções de “absoluto” e “relativo”.

Vasumitra compreendeu que possuía
o pote, que possuía a própria natureza búddhica, e então alcançou o caminho,
além do absoluto, além do relativo.



Transmissão para Buddhanandi
2

8. De Vasumitra para
Buddhanandi

Buddhanandi era um especialista em
filosofia e dialética. Ao encontrar o mestre Vasumitra, decidiu
desafiá-lo.

Buddhanandi: Vim
debater com você sobre a natureza da verdade.
Vasumitra: Meu caro
amigo, a verdade não tem dois lados; logo, nunca foi e nunca poderá ser
debatida. Qualquer coisa que seja debatida, por mais profunda que seja,
simplesmente não é a verdade. Tudo o que é declarado sobre a verdade, por mais
coerente e correto, permanece apenas no nível da discussão. Sempre há alguma
perspectiva, em que qualquer afirmação pode e deve ser debatida. Até mesmo a
menor intenção de afirmar ou discutir já encobre o que é real. Nenhuma
afirmação verbal, como dizer que “a mente e seus objetos não estão
fundamentalmente separados”, pode ser a verdade. A afirmação verbal de que “a
verdade está além das palavras e dos pensamentos” também não é a verdade.
Afirmar que “sujeito e objeto são esquecidos na iluminação”, ou expressar que
“sujeito e objeto não são esquecidos na iluminação”, também não são a
verdade.

A afirmação do bodhisattva
Manjushri de que “a realidade está muito além da fala” é uma expressão
excelente da verdade, mas é não é verdade real. Até mesmo a resposta radical
de Vimalakirti, sentado em silêncio trovejante, é uma mera expressão do que é
real. Enquanto intervir qualquer senso de definição, ou mesmo um senso de
expressar a verdade, o princípio da natureza não-nascida não pode ser
esclarecido, e permaneceremos confusos, mesmo que sejamos discípulos de
Buddha.

Extinguir o corpo e a mente em
uma concentração inquebrantável é uma obstrução severa. Até mesmo o mais alto
caminho do rejeitar os dualismos de “delusão” e “iluminação”, de evitar as
noções de “impureza” e “pureza”, é uma venda opaca. Tanto a forma quanto a
não-forma adulteram a verdade, assim como a miragem adultera o deserto. Não
devemos nem procurar a verdade através das formas douradas de buddhas, nem
através da sua brilhante não-forma. Se você afirmar que o samsara é um
sonho, ainda sobra alguém sonhando e alguém afirmando. Que engraçado! Mesmo a
diferenciação entre “falso” e “verdadeiro” permanece no nível da discussão
perene e portanto não é a verdade. Simplesmente seja a verdade! Mas não
ache você irá se tornar uma lagoa tranqüila ou um céu
imaculado!

Subitamente, Buddhanandi realizou
a verdade, além das meras expressões.


  1. Extraído de www.dharmanet.com.br



Print Friendly, PDF & Email