Budismo, onde cada um é discípulo de si mesmo


Uma religião considerada moderna, pois se adequa às tendências deste fim de milênio e se baseia no autoconhecimento, ou seja, cada um é o responsável por sua própria salvação. Assim é o Budismo, que surgiu na Índia no século VI a. C., onde nasceu Shidarta Gautama, o Buda, e se espalhou por toda a Ásia.

Hoje, dos 300 milhões de seguidores no mundo, 300 mil estão no Brasil, onde há mais de 200 mosteiros Se existe uma palavra para definir o Budismo ela se chama autoconhecimento. Cada ser é discípulo de si mesmo e responsável por sua própria salvação. E no caminho de Buda as palavras correntes são: compaixão, gratidão, mente alerta, mente confiante, vazio, paciência, consciência, jovialidade, disciplina, fé e impermanência. Práticas que surgiram na Índia mitológica, onde nasceu Shidarta Gautama, o Buda “histórico”, no século VI a C, no sopé do Himalaia, em território do atual Nepal, durante um extraordinário período que viu nascer outros gênios espirituais e filosóficos: Confúcio e Lao Tsé (na China), Zaratustra (na Pérsia), Pitágoras e Heráclito (na Grécia).

A essência do ensinamento budista é praticada nos 15 templos existentes em São Paulo, mais da metade budismo japonês, em vários bairros da cidade: na tradicional Liberdade, Vila Mariana, Sumaré, Saúde, Planalto Paulista, Vila Antonieta, Piqueri e em Diadema. Quase meio século desde que japoneses viram pela primeira vez a sua religião oficializada no país – a permissão à vinda de missionários orientais, só possível no pós segunda-guerra mundial, a imigração japonesa data desde o começo do século, em 1908. O filhos nascidos aqui eram batizados na religião católica para conseguirem certidão de nascimento e sua fé ficou reservada no altar da casa, assim se evitava chamar as crianças de pequenos demoniozinhos. Depois vieram os monges asiáticos e os templos foram se erguendo. Como a própria história do Buda “histórico”, fundador do Budismo que atingiu a iluminação depois de sete anos de árdua disciplina nas florestas. Sentado em profunda meditação à sombra de uma árvore de Bodhi, a Árvore da Iluminação, ele obteve repentinamente o esclarecimento final e definitivo de todas as suas buscas e dúvidas no ato de um “despertar completo, insuperado” que fez dele o Buda, isto é, “o Desperto”. Então ele se levantou desse estado de meditação e percorreu a Índia. São 2.600 anos de tradição espiritual dominante na maior parte da Ásia. Flexível e assimilador, Buda foi adotado na Índia como uma encarnação do deus Vishnu de muitas faces.

O Budismo expandiu em várias direções, dando origem a duas escolas: Theravada ou Hinayana (as escolas monásticas, pequeno Veículo) e Mahayana (Grande Veículo, as massas), de tendência renovadora deu origem as Escolas do Tibete, China e Japão: Escola de Lótus, Devocional Terra Pura, Mistérios e a Escola Zen, subdividida nas Escolas Soto e Rinzai. 50 anos de Ocidente Mas no Ocidente o Budismo é novo, tem 50 anos e tem despertado interesse na Europa e Estados Unidos. Refugiados do Tibete, invadido pela China comunista em 1959, exilou Dalai Lama, representante do Budismo Tibetano, prêmio Nobel da Paz, na Índia. Dalai Lama, um dos maiores divulgadores do Budismo, percorre o planeta levando os ensinamentos de Buda .

O defensor da não violência, tolerância, da harmonia entre os povos, as culturas, as religiões, e da preservação dos recursos naturais do planeta estará o Brasil de 5 a 7 de abril em Curitiba e Brasília. São mais de 300 milhões de seguidores no mundo. No Brasil eles são cerca de 300 mil, com mais de 200 mosteiros pelo país e inúmeros grupos de estudos e práticas diversas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Espírito Santo. Missionários de Buda Em São Paulo existem dois monges brasileiros do budismo japonês, um na Liberdade, Coen Souza de Murayama, da Escola Budista Soto Zen (fundada no século XIII) e na Saúde, shogyo Gustavo Pinto, da Escola Terra Pura. São missionários oficiais do Japão, enviados a seus templos para divulgarem em suas comunidades os Sutras, os sermões de Buda, em português para toda a comunidade.

Nos dois templos a presença dos três tesouros: Buda, Darma (a doutrina, ensinamento) e sanga (a comunidade, a consciência da fraternidade ligando todos os seres). Nos dois templos a essência do Budismo é a mesma, a do autoconhecimento, mas as Escolas tem algumas diferenças. Para ser budista não precisa de filiação ou batismo para frequentar os templos. É preciso escutar o chamado interno e seguir o caminho de Buda e suas várias escolas. “Buda me descobriu e ele me fez descobrí-lo”, conta o monge Gustavo Pinto, 51 anos, depois que leu aos 17 anos um livro de um mestre do Zen Budismo. Mais tarde se definiu pelo caminho shin- da Terra Pura, que converge para o Buda Cósmico. Foram 14 anos em mosteiros japoneses. Lá ele aprendeu uma máxima, hoje política da vanguarda verde: a consciência ecológica que liga todos os seres, dos mosquitos, a lama, a pedra, o animal, o homem às estrelas. Buda no coração, na mente e no altar, dourado, em pé, como o Buda no Templo Terra Pura. Em lótus no Templo Busshinji, na Liberdade, onde o Buda “histórico” está ladeado pelos mestres Eihei-Dogen, que levou o Zen Budismo da China para o Japão e de Keizan Jokin, que divulgou o Zen no Japão.

Buda se ergue da meditação e caminha ao “nosso encontro por compaixão, porque compreende as dificuldades e as limitações da condição humana”, diz o monge Gustavo Pinto. No dois templos as práticas, as leituras dos Sutras e celebrações são acompanhadas pelo incenso, por sinos e tambores, como no templo zen-budista Busshinji, enquanto o piano com cânticos japoneses, de tradição antiga acompanham as cerimônias no templo da Terra Pura Honpa Hongwanji.

Cerimônias para as datas budistas mais importantes, a morte de Buda (18 de fevereiro), nascimento (8 de abril) e iluminação (8 de dezembro). Além de bênçãos especiais e memorial aos antepassados. A meditação zazen para os zen-budistas e o Sutra da Meditação para agradecer na Escola Terra Pura. Diz o mestre zen Eihei Dogen que o “zazen não é meditação passo-a-passo. É simplesmente a entrada fácil e agradável do Darma, a realização da sabedoria de Buda. Assim compreendendo ficará como um dragão que obtém água ou um tigre que se reclina na montanha.

A lei correta aparece por si mesma e você se liberta dos aborrecimentos e confusões.”

Marília Balbi, especial para o JT


  1. Extraído do site www.monjacoen.com.br.


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