A prática da benevolência e da compaixão

A prática da benevolência e da compaixão

de Dalai Lama


Editora Nova Era

Introdução

Este ano [1989] o PRÊMIO NOBEL DA PAZ FOI CONFERIDO AO Dalai Lama. Com essa prestigiosa premiação, Sua Santidade, o Dalai Lama, assume o seu lugar ao lado de outros líderes, cuja visão os levou ao cerne da luta social.

Embora se defina como um simples ser humano, ele é conhecido como um trabalhador incansável pela paz, um grande mestre espiritual e um homem com o dom de apresentar grandes verdades de maneira acessível a todos. Combinando um calor genuíno, um contagiante senso de humor, um intelecto penetrante e uma humildade conciliatória, conquistou vários amigos e admiradores em todo o mundo. O Dalai Lama é uma pessoa extremamente complexa e muitifacetada. Embora seja um estudioso perspicaz, é também capaz de dirigir-se ao público em geral com simplicidade e de modo direto, profundo em sua intimidade, tocando o coração dos ouvintes. Sua história de vida e suas conferências e artigos encontram-se entremeados neste livro, produzindo uma rica descrição desse homem notável.

Tenzin Gyatso nasceu numa família de camponeses em Amdo, no Tibete oriental, em 1935. Aos dois anos de idade, foi reconhecido por um grupo de busca do governo e por Lamas eminentes como a décima quarta encarnação da linhagem dos Dalai Lamas. Com quatro anos, foi levado para Lhasa e oficialmente instituído Dalai Lama.

Após a invasão e ocupação do Tibete pela China, em 1950, e a subseqüente revolta popular em grande escala contra os invasores, em 1959, o Dalai Lama, junto com cem mil refugiados tibetanos, fugiu pelo Himalaia para a Índia e outros países vizinhos. Na Índia, ele redigiu o esboço de uma constituição democrática, formou um governo tibetano no exílio e começou a estabelecer as instituições que formariam a base para uma nova sociedade tibetana: escolas, hospitais, orfanatos, cooperativas de artesãos, comunidades agrícolas, instituições para a preservação da música e do teatro tradicionais e instituições monásticas. Atualmente, sob a sua liderança, os tibetanos são um dos grupos de refugiados mais bem estabelecidos que o mundo já viu.

A cultura tibetana está agora mais bem preservada fora do Tibete do que dentro. No Tibete, os chineses têm promovido, segundo reportagem da Comissão Internacional de Juristas, um genocídio cultural em grande escala. Em 1959, havia mais de seis mil monastérios no Tibete. Por volta de 1980, somente 12 permaneciam intactos. Mais de um milhão dos seis milhões de habitantes do Tibete foram mortos como resultado direto da ocupação chinesa; destes 87 mil somente em Lhasa (pela contagem da China) durante a sublevação popular em 1959.

Apesar disso, o Dalai Lama não perdeu nem a esperança nem a determinação de obter justiça para o seu povo. Por trinta anos, ele tem lutado contra este gigante — a China — não com raiva, mas com compaixão, de maneira não-violenta, armado somente com a verdade. Sua estratégia tem sido chamar a atenção do mundo para a situação difícil dos tibetanos, na crença de que a justiça da sua causa conseguirá mudanças na política chinesa contra o Tibete. Bem antes do episódio na Praça Tiananmen, o exército chinês já havia disparado diversas vezes contra manifestantes tibetanos desarmados. Após um desses ataques brutais, em março de 1989, quando centenas de tibetanos foram mortos, a lei marcial foi decretada em Lhasa — três meses inteiros antes de Tiananmen. Porém, mesmo durante a tragédia da Praça Tiananmen, os noticiários e os políticos raramente mencionaram o Tibete. Até hoje, a lei marcial vigora em Lhasa. Embora o Tibete tenha quase o tamanho da Europa ocidental, o mundo, em grande parte, tem ignorado o sofrimento que existe lá. Vários lideres políticos de todas as partes relutam em se encontrar publicamente com o Dalai Lama por medo de ofender o governo chinês.

Os tibetanos, dentro e fora do Tibete, há muito vêem o Dalai Lama como seu líder e a personificação das suas esperanças de sobrevivência como um povo. Por sua notável força de caráter e defesa dos valores humanos básicos, independentemente de uma ideologia religiosa ou política em particular, ele está agora se consolidando não somente como um líder do povo tibetano, mas também como um líder mundial. Durante os últimos trinta anos, o Dalai Lama tem trabalhado incessantemente para modificar atitudes com vistas a uma Sociedade melhor, promovendo a importância da benevolência e da compaixão e também da compreensão da nossa natureza humana em comum como base para a resolução de conflitos pessoais e políticos por meio do diálogo.

Esta seleção de discursos, entrevistas e ensaios biográficos pretende retratar a vida pessoal do Dalai Lama, seus vastos interesses e suas idéias sobre assuntos de preocupação global. Espera-se que essa combinação proporcione ao leitor que ainda não está muito familiarizado com o Dalai Lama uma apreciação mais profunda deste homem de paz. Ele se destaca como um homem altamente pragmático, dedicado ao estabelecimento de soluções não-violentas para os problemas humanos nas arenas pessoal, ambiental e política. Este livro tem reconhecidamente uma natureza introdutória. Vários de seus tópicos são explicados em muito mais detalhes e profundidade em outras obras sobre o Dalai Lama.

Gostaria de agradecer ao renomado autor Andrew Harvey, que originalmente sugeriu a idéia deste livro e me estimulou a realizar o projeto. Gostada também de agradecer ao meu amigo Jeffrey Cox por sua compreensão e encorajamento, a Christine Cox e Susan Kyser por sua amável e esclarecedora assistência editorial, a Calvin Smith e a vátios outros amigos que leram o manuscrito e fizeram sugestões úteis e a minha esposa Yvonne que me encorajou, apesar das longas horas que dediquei ao trabalho e de minha desatenção ao lar. Foi de considerável estima o apoio da Fundação Nobel e dos vátios editores que gentilmente deram permissão para o uso do material incluído nesta antologia. Um agradecimento especial para Tenzin Tethong, Representante Especial de Sua Santidade, o Dalai Lama, por me ajudar a conseguir transcrições de várias palestras e a Tenzin Geyche do Escritório de Sua Santidade, o Dalai Lama. Acima de tudo, gostaria de expressar a minha mais profunda gratidão a Sua Santidade,

o Dalai Lama, Tenzin Gyatso, por ser um exemplo para todos nós, mostrando o caminho para um mundo melhor por meio das suas ações altruístas e também de sua maneira de pensar.

Sidney Pibum



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