Exatamente Aqui Agora

de Elihu Genmyo Smith
Palestra do Darma de 20 de Janeiro de 2002
Tradução para o português de
Maria Heleosina Ribeiro Pessôa


Agora

Agora você lê isto.

O que é "agora"? "Agora" é uma continuação de "antes"? A vida é uma corrente em que "Eu existo"? Eu estou passando através do tempo?

Vamos explorar a prática.Você acredita em "Eu tenho hábitos mentais, problemas, que eu preciso trabalhar e mudar"? Neste momento – o que lhe falta? Estando presente, é "Agora eu sou diferente do que eu era antes"? Ao avaliar o sentar, há sentido em, "Eu me sentei por alguns poucos dias e agora eu posso me sentir mais presente, mas samadhi, eu estou melhor"?

Neste exato momento, o passado não se move para o presente e o presente para o futuro – passado movendo para o presente, presente para o futuro, são construções a partir de uma maneira autocentrada de ver e atuar (agir). Nossa prática é estar presente. Se nós enfatizarmos a atenção, enfatizarmos a desatenção, ou enfatizarmos a não-consciência, a prática é consciência, vivência da experiência, esta é a prática do agora . O apego à visão autocentrada, a pensamentos, crenças e reações, desliga-nos da vivência da experiência da vida, da liberdade de responder. Nós estamos desligados da alegria, paz e satisfação que é nossa vida, e em vez disso vivermos no meio dos limites de crenças e reações e o sofrimento, dor e danos resultantes. Notando presente o apego a pensamentos, permita que o apego ocasionado pela visão autocentrada, permita que crenças que sejam insatisfatórias, se tornem transparentes, para não limitarem a vida, respondendo agora, nós somos a vida como ela é.

O agora contem passado, presente e futuro, todos juntos neste momento. Porque é agora, eu pratico. Porque é agora, a prática alcança alem do que eu supunha –além de "como isto funciona", e mesmo de "como estar presente afeta meus pensamentos e hábitos". O momento corpo-mente, estando presente agora, não está limitado por meu entendimento. Exatamente agora está a alegria, a paz, e a satisfação na vida. O agora é exatamente isto, estar exatamente neste momento. Agora é a correção (a cura) de parecer estar autocentrado, da cisão entre o eu e o outro, do passado-futuro. O prosseguir na prática é estar uno na mente, uno ao perceber pensamentos de apego, uno com o momento corpóreo, e uno nos propósitos. Agora cura o apego ao eu, é perceber pensamentos de apego ao que me fizeram, ao que eu fiz, de raiva, dor, os "teria tido", todas as estórias e sofrimentos de ações e reações. Expressando arrependimento e pesar, aceitando a culpa e suas conseqüências, agora. Estando agora como o agora é.

Há um bom Koan (em Mumonkan Case 28) a cerca de uma mulher idosa que vendia alimentos na estrada. Um monge viajante (Teshan) aproximou-se e pediu-lhe um . Ela perguntou-lhe, "o que você está carregando em sua mochila". Ele disse, "Oh, é o Sutra do Diamante e meus comentários sobre ele" "Oh", ela disse, "bom, bom. O Sutra do Diamante diz, a mente do passado é inatingível, a mente presente é inatingível, a mente do futuro é inatingível". "Que mente você vai revigorar com este alimento? Responda e eu lhe darei o alomento. Se você não puder responder, você não poderá tê-lo". Como você responde?

O Sutra diz "a mente do passado é inatingível, a mente presente é inatingível, a mente do futuro é inatingível". O que é isto que não é o passado, nem o presente, nem o futuro? Exatamente agora. O que é isto? Este sentar – não importa se você o conhece ou não. Não há necessidade de imaginar ao sentar, não se trata de imaginar. Assim sendo esta vida em ação é nossa prática, é o nosso sentar.

Em um comentário do Mumonkan (Portão sem portão) há uma frase "se você resolver (compreender) este (koan) você caminhará de mãos dadas com Joshu, você caminhará de mãos dadas com os ancestrais". Eles surgiram três a cinco séculos antes da compilação do Mumonkan; eles surgiram a mais de dez séculos atrás. O mumon está sendo metafórico? Não, não é metáfora, não é mágica. Zazen exatamente agora cura o "passado", repara o "passado"; ser verdadeiramente um neste momento é ser um com o passado aparente. O passado é exatamente agora. Esta é a oportunidade de sentar, de notar emoção – pensamento ligados, de estar presente. Zazen é ser o presente cheio de alegria, mergulhando na água de nossa vida, sendo a água de vida na qual nós nadamos. Isto é quem somos. Em momentos de desconforto e problemas, podemos pensar que o sofrimento e a insatisfação resultam de condições – se eu praticar então passarei de condicionado a incondicionado, de sofredor a não sofredor. Pensando desta forma, nós separamos condicionado de não condicionado. Exatamente agora, condicionado e não condicionado não são dois, absoluto e relativo não são dois; apenas o apego aos pensamentos autocentrados é que os torna distintos. Porque a experiência é ilimitada, é verdadeira, a atividade de cada dia. Preparando a comida, comendo, limpando. Estando doente, tomando remédio, estando bem. Não nascido é este momento nascido. A prática é a vida cotidiana; sendo a atividade condicionada não condicionada que sempre somos, isto . Assim, Buda Shakyamuni diz "Todos os seres da grande terra estão iluminados comigo; todos os seres são a sabedoria e a perfeição do Thatagatha". Exatamente agora, passado, presente e futuro são agora.

Para tentar fazer zazen, nossa vida, adaptada a uma visão de "movimento de passado para presente para futuro", limita-nos, limita nossa prática, limita este momento aqui e agora. Apegar a tais pensamentos torna o esforço da prática em uma maneira de mudar isto para algo mais, crendo nas idéias autocentradas, mesmo que seja uma idéia de melhoria. Vivenciar a experiência, estar presente, não é nenhum outro lugar. Está além destes limites aparentes, os limites e parâmetros de nossos pensamentos. Pensamentos são apenas pensamentos, nem mais nem menos; eles não são o que é assim. Prática não é obter novas idéias ou novos sentimentos, não se trata de imaginar coisas, mas ser, notando, respondendo, atuando. Respondendo às circunstâncias, sendo este mundo de corpo-mente como ele é. É ser pensamentos/sentimentos "eu gosto", pensamentos/sentimentos "eu não gosto", agradável, doloroso, respondendo no meio disto, vivenciando a experiência este momento físico de emoção-pensamento como ele é. Dando-nos a nós mesmos. Este momento atuante. Agora. Por favor deleite-se com esta vida maravilhosa que você é.


by Elihu Genmyo Smith
Dharma Talk, January 20, 2002
Retirado do site www.prairiezen.org

Now

Now you read this.

What is “now”?  Is "now" a continuation of  "before"? Is life a stream in which  “I exist”? Am "I" passing through time?

K.Let us explore practice. Do you believe “I have habits of mind, problems, that I must work with and change?” Right now – what do you lack?  Being present, is it “Now I’m different than I was before?” Appreciating sitting, is there a sense, “I’ve been sitting for a few days and now I can feel more presence, more samadhi, I am better?”

Right now, the past does not move to the present and the present to the future— past moving to present, present to future, are constructs of a self centered way of seeing and functioning. Our practice is being present. Whether we emphasize mindfulness, emphasize mindlessness, or emphasize no-mind, practice is awareness, experiencing; this is the practice of now. Holding to self-centeredness, to thoughts, beliefs and reactions, cuts us off from experiencing life, from freely responding. We are cut off from the joy, peace and satisfaction that is our life, and instead live in the midst of the limits of beliefs and reactions and the resulting suffering, pain and harming. Noticing holding thoughts, being present, allows the holding self-centeredness, allows the beliefs that are dissatisfaction, to be transparent, to not limit life; responding now, we are life as it is.

Now contains past, present, future, all right now.  Because it is now, I practice.  Because it is now, practice reaches far beyond what I figure out — beyond figuring out  "how does this work", and even "how does being present affect my thoughts and habits." Body-mind-moment, being present now, is not limited by my understanding. Right now is the joy, peace and satisfaction of life. Now is exactly this, being just this moment.  Now is healing of seeming self-centeredness, the rift of self and other, of past-future. Ongoing practice is at-one-ment, at one noticing held thoughts, at one being bodily moment, at one functioning. Now heals holding to self; it is noticing holding thoughts of what was done to me, what I did, anger, hurt, should haves, all the stories and suffering of actions and reactions. Expressing sorrow and regret, accepting blame and consequences, now.  Being now as this is!

There is a nice koan (in Mumonkan Case 28) about an old woman who sells snacks at the roadside. A traveling monk (Teshan) comes by and asks her for a snack.  She asks, "what is it you are carrying in your backpack."  He says, "Oh, it is the Diamond Sutra and my commentaries on it.  "Oh," she says, "good, good.  The Diamond Sutra states, ‘past mind is unattainable, present mind is unattainable, future mind is unattainable.’  Which mind are you going to refresh with this snack?  Answer and I will give you the snack.  If you can’t, you can’t have it." How do you respond?

The sutra states  "past mind is unattainable, present mind is unattainable, future mind is unattainable."  What is it that is not the past, present or future?  Right now. What is this? This sitting – it does not matter whether you know it or not. No need to figure out sitting, it is not about figuring out. Being this functioning life is our practice, is our sitting.

In a commentary of the Mumonkan (Gateless Gate) there is the phrase  "if you realize this (koan) you will walk hand in hand with Joshu, you will walk hand in

hand with the ancestors."  They lived three to five centuries before the Mumonkan was compiled; they lived more than ten centuries ago.  Is Mumon being metaphorical? No, it is not metaphor, not magic. Zazen right now heals "past", atones "past"; being at one right now truly is being at one with the seeming past. The past is right now. This is the opportunity of sitting, of noticing the held emotion-thought, of being present. Zazen is to be the joyful present, jumping into the water of our life, being the water of life in which we swim. This is who we are. At times of discomfort and problems, we may think suffering and dissatisfaction result from conditions – if I practice then I will go from conditioned to unconditioned, from suffering to non-suffering. Thinking this way, we separate conditioned and unconditioned. Right now, conditioned and unconditioned are not two, Absolute and relative are not two; it is only holding to self-centered thoughts that makes them distinct. Because experiencing is boundless, it is straightforward, everyday activity.  Preparing food, eating, cleaning up. Being sick, taking medicine, being well. Unborn is this born moment. Practice is ordinary life; being the unconditioned conditioned functioning that we always are, this. So Shakyamuni Buddha says "All beings of the great earth are at this moment enlightened with me; All beings are the wisdom and the perfection of the Tathagatha."  Right now, past, present and future are now. 

To try to make zazen, our life, fit into a ‘past to present to future movement’ perspective, limits us, limits our practice, limits this moment here now. Holding to such thoughts turns practice effort into a way of changing this to something else, believing the self-centered ideas, even if it is a self-centered improvement idea. Experiencing, being present, is not somewhere else. It is beyond these seeming limits, the limits and parameters of our thoughts. Thoughts are just thoughts, no more, no less; they are not what is so. Practice is not getting new ideas or new feelings, not about figuring things out, but being, noticing, responding, functioning. Responding to circumstances, being this body-mind world as it is. It is being thoughts/feelings "I like", thoughts/feelings "I do not like", pleasurable, painful; responding in the midst of this, experiencing this emotion-thought physical moment as it is.  Giving our self to our self.  This moment functioning.  Now. Please enjoy this wonderful life that you are.



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